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Datas da Festival de Parintins
O Festival de Parintins – Boi-Bumbá está previsto para as seguintes datas:
- de sexta-feira, 28 a domingo, 30 de junho de 2024
- de sexta-feira, 27 a domingo, 29 de junho de 2025
- de sexta-feira, 26 a domingo, 28 de junho de 2026
A data é móvel e é celebrada no último fim de semana de junho. Mais informações: festivaldeparintins.com.br.
Festival Folclórico de Parintins
Comparado ao Carnaval por sua grandiosidade, o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, é um dos maiores eventos festivos do Brasil. A festa acontece no último final de semana de junho, na Ilha de Tupinambarana, parte da cidade de Parintins, a 420 km de Manaus. Folclore e alegria, bois e competição, azul e vermelho, são termos que podem definir a celebração, parte do calendário oficial de eventos de Parintins desde 1965.
Atualmente, o espetáculo acontece durante três dias no Centro Cultural de Parintins, conhecido como Bumbódromo. Trata-se de uma arena construída em 1988 com capacidade para 16 mil pessoas1. Nessa arena, dois grupos centenários de Boi-Bumbá, o Caprichoso (azul) e o Garantido (vermelho) encenam as lendas locais, com alegorias, cantos e dança. Cada Boi tem cerca de 3500 brincantes (pessoas que participam da encenação). As arquibancadas do estádio são claramente delimitadas: metade azul, metade vermelha, para receber a galera (nome que recebe a torcida) dos dois Bois. Antes da construção do Bumbódromo, a disputa acontecia no centro de Parintins2.
Nos últimos anos, a festa do Boi-Bumbá evoluiu de uma tradição local para um evento midiático. Além disso, a indústria do turismo, agências governamentais e empresas de grande porte também passaram a abocanhar uma parte do sucesso da festa3. Prova disso é que diversos patrocinadores, grandes empresas nacionais e multinacionais, foram obrigadas a criar um logo azul para entrar no espírito do evento4.
Origem
O Festival Folclórico de Parintins nos moldes como acontece hoje foi criado em 1965, mas os Bois Garantido e Caprichoso existem desde 1913. Muitas versões falam sobre a origem dos Bois de Parintins. Estudiosos dizem, porém, que não há histórias documentadas sobre a fundação de cada Boi, e o que se sabe vem principalmente da tradição oral. De qualquer maneira, uma coisa é certa: cada Boi defende ter sido o primeiro a surgir5.
Conta-se que o Boi Garantido teria sido criado em 1913 por Lindolfo Monteverde. O Boi Caprichoso teria sido criado logo em seguida pelo parintinense Furtado Belém e pelos irmãos cearenses Roque e Antônio Cid. No início, os Bois brincavam nos terreiros e saíam às ruas, o que acarretava inevitáveis brigas entre os dois. Algumas pessoas, as mais ricas, chegavam a pagar para que os Bois passassem diante de suas casas. Já o formato atual foi criado por um grupo de amigos ligado Juventude Alegre Católica (JAC), Xisto Pereira, Lucenor Barros e Raimundo Muniz, então presidente da JAC. Após uma reunião entre eles, surgiu a ideia de reunir esses dois grupos folclóricos. Naquela época, as brincadeiras estavam com baixa popularidade, sob pretexto de que os Bois eram para os pobres. A criação do Festival foi, então, um divisor de águas na história dos Bumbás, que aos poucos retomaram sua popularidade6.
A encenação
O Auto do Boi conta que um rico fazendeiro presenteia sua filha, a sinhazinha, com um boi precioso, adorado por todos. Pai Francisco é o peão da fazenda. Mãe Catirina, sua mulher, está grávida e manifesta ao marido um desejo muito forte: comer a língua do boi. Pai Francisco atende o pedido da mulher e mata o boi preferido do fazendeiro e da sinhazinha. Por causa de seu ato, o peão é ameaçado de morte. Na tentativa de ressucitar o animal, o padre e o médico tentam ajudar Francisco, mas fracassam, deixando o feito ao pajé, que consegue reanimar o boi7.
Os dois Bois-Bumbás teatralizam o conto a partir desse núcleo narrativo e agregam à sua maneira lendas, figuras amazônicas e rituais locais. Esses itens, marcados pela mistura de elementos folclóricos e indígenas, são ponto forte da apresentação e concretizam-se em formas de alegorias e fantasias que podem chegar a 20 quilos. Ao final do espetáculo, cabe ao júri escolher a melhor encenação8. Os jurados avaliam a performance de cada Boi segundo 22 quesitos: apresentação dos tuxauas (chefes indígenas), apresentação dos rituais xamânicos, melhor toada, melhor alegoria, melhor coreografia, entre outros9.
As encenacões acontecem no ritmo das toadas (músicas compostas para a ocasião), embaladas por cerca de 350 músicos10. Existe ainda o levantador da toada, responsável pela animação dos espectadores e dos brincantes.
Durante a festa, um torcedor jamais deve pronunciar o nome do Boi concorrente, chamado de “Boi contrário”. Além disso, são proibidos vaias, palmas, gritos ou qualquer outro tipo de manifestação quando o “contrário” se apresenta na arena. A manifestação de uma torcida durante a apresentação do contrário pode acarretar perda de pontos para seu próprio Boi11.
Festa de boi antes do Festival
Boa parte da população de Parintins deixa de ir ao Bumbódromo e prefere acompanhar o espetáculo pela TV, pois a competição com os visitantes é grande. Para a população local, exitem os eventos pré-festival, que são o momento em que a população local participa e revive a tradição da festa de dançar o Boi-Bumbá. Esse momento é marcado pela presença dos Bois-Bumbás em seus currais ou nas ruas. Para os habitantes locais, é o momento de festejar e de ir para o curral de seu boi querido e cantar as toadas tradicionais e novas12.
Referências
Consultar http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/festival-parintins-674342.shtml
CAVALCANTI, M. L. V. de C.: O Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia da festa. História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. VI (suplemento), 1019-1046, setembro 2000.
Consultar http://festivaldeparintins.blogspot.fr/
GOMES DA SILVA, Rosângela. A Festa do Boi-Bumbá e a Reprodução da Cultura Popular. In Fragmentos de Cultura. Goiânia, junho/2007. P. 235
CAVALCANTI, M. L. V. de C.: O Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia da festa. História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. VI (suplemento), 1019-1046, setembro 2000.
Consultar http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna.php?id=239
SALES PATRÍCIO, Patrícia. Na ilha do boi de pano – uma reportagensaio para além da objetividade jornalística. Ato I, pgs. 2-3. Tese de Doutorado, USP. São Paulo, 2007.
CAVALCANTI, M. L. V. de C.: O Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia da festa. História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. VI (suplemento), 1019-1046, setembro 2000.
Consultar http://festivaldeparintins.blogspot.fr/
Consultar http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna.php?id=239
D’ANUZIO MENEZES DE AZEVEDO FILHO, João. A Produção e a Percepção do Turismo em Parintins, Amazonas. Tese de Doutorado, USP. São Paulo, 2013. Pg. 103.