Carnaval 2024

Datas de Carnaval

A terça-feira de Carnaval está prevista para as seguintes datas:

A data é móvel e é celebrada na terça-feira anterior à Quarta-Feira de Cinzas, ou seja, 47 dias antes da Páscoa.

Carnaval

O Carnaval faz parte do calendário romano e é comemorado durante os três dias (domingo, segunda e terça-feira)1que antecedem imediatamente o ciclo de resguardo, arrependimento e penitência da Quaresma (Quarta-Feira de Cinzas até a Páscoa)1. O Carnaval é um dos grandes rituais do Brasil. O festejo representa a diversidade na uniformidade, a homogeneidade na diferença por ser uma festa de todo um povo reunido e misturado. Nesse período, ocorre uma neutralização da hierarquia e uma inversão temporária entre as classes e grupos sociais: o pobre fantasia-se de rei, o homem se veste de mulher, a criança quer ser adulto1.

O Carnaval pode ser festejado de diversas formas: nos blocos de rua, nos bailes noturnos e nas matinés dos clubes, nos desfiles de escolas de samba, nos trios elétricos e durante as micaretas (carnaval fora de época). Os elementos fundamentais são a música (samba, marchinha, frevo, axé, maracatu, afoxé) e a fantasia adotada pelo folião, que, em geral, revela um desejo escondido1, uma homenagem ou uma ironia social.

A festa acontece simultaneamente em todo o território brasileiro, mas algumas festividades destacam-se por seu tamanho, tradição ou número de foliões. É o caso dos carnavais do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Olinda, Ouro Preto, São João Del Rey, para citar apenas as maiores.

Origem

Embora seja marcado pelos “valores pagãos da vida”, diversos historiadores afirmam que o Carnaval tem sua origem fortemente ligada ao cristianismo, especificamente às privações da quaresma2. Contrária à realização da festa, a Igreja Católica passou a aceitar os festejos no ano de 590. Havia, porém, uma condição: o dia seguinte da festa, hoje Quarta-Feira de Cinzas, seria dedicado ao arrependimento dos pecados3.

Há ainda estudiosos que colocam o paganismo e a cultura popular como origem dos festejos2. O carnaval teria um papel central na vida do homem medieval. Além do carnaval propriamente dito, havia ainda as festas de tom carnavalesco, como “a festa dos tolos” ou “festa do asno”. Além disso, quase todas as festas religiosas apresentavam um tom cômico e popular. As cerimônias da vida cotidiana também eram acompanhadas pelo riso, por meio dos bufões e dos “bobos”, que parodiavam os rituais existentes2. Na Idade Média, certas formas de carnaval eram uma verdadeira paródia aos cultos religiosos.

Há indícios de que o registro mais antigo sobre a origem pagã do Carnaval tenha acontecido na Babilônia, 2000 anos antes de Cristo, em festas anuais chamadas Sacéias. O tema da comemoração, que durava cinco dias, era a inversão da hierarquia – lacaios viravam mestres, prisioneiros tomavam o lugar do rei4.

Alguns antropólogos apontam outro rito babilônico baseado no mesmo tema da inversão como origem do carnaval. O rei era temporariamente deposto, surrado e humilhado diante da estátua de Marduk, o primeiro dos deuses mesopotâmicos. O rei devia declarar não ter abusado de seu poder em relação a Marduk, a seu templo, à cidade e aos súditos. Após esse ritual, era novamente consagrado, o que garantia o retorno à ordem no reino4.

Há ainda referência às Saturnálias, festas em homenagem a Saturno, baseadas na suspensão das obrigações e das barreiras sociais. Essas festas, que aconteciam em Roma, duravam uma semana e ocorriam durante o solstício de inverno4.

Os festejos do Carnaval chegaram ao mundo novo junto com os navegadores europeus, a partir do século XVI, encontrando na América Latina, inclusive no Brasil, terreno fértil para sua propagação4.

Carnaval no Brasil

O Carnaval brasileiro é descendente do entrudo português e o formato atual é uma mistura do entrudo e das festas da Itália Renascentista, influenciada pela cultura africana. No Brasil do século XVI5, o entrudo consistia em jogar água uns nos outros durante a brincadeira. Com o passar do tempo, a água foi substituída por outros elementos, como ovo, farinha ou laranja. Durante três séculos, esta foi a manifestação do carnaval no Brasil5. Em 1854 o entrudo molhado foi abolido e a brincadeira a seco se transformou no Carnaval3.

No século XVIII, os bailes à fantasia surgiram no carnaval europeu, principalmente em Paris e Veneza6. Em 1840 a moda chega ao Rio de Janeiro e, algumas décadas depois, por volta dos anos 30, uma centena de bailes acontecia nos salões do Rio de Janeiro durante o carnaval6. Mais tarde, as cidades de Porto Alegre, Recife e Salvador também aderiram à moda. Nota-se, porém, que esse era um modelo de festa da nova elite brasileira5, deixando ao entrudo o caráter mais popular.

Foi em 1855 que uma nova forma de brincar se instalou no Brasil. Nesse ano, um grupo de amigos formou o Congresso das Summidades Carnavalescas para organizar, pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, um desfile com carruagens decoradas e foliões vestidos de suas fantasias vindas diretamente de Paris. A festa que levou a sofisticação às ruas foi um contraponto em relação ao entrudo, que acontecia até então5. Com o passar do tempo, em 1864, os grupos que desfilavam nas ruas multiplicaram-se, surgindo ainda os de influência negra, com suas formas de celebração dos escravos. Viu-se ainda o aparecimento dos zé-pereiras, conjuntos populares com seus bumbos característicos5.

Aos poucos e de forma natural, surgiram os roteiros dos desfiles, que se fortificaram com o passar do tempo, inclusive com a decoração das ruas. Esses elementos marcaram ainda mais a oposição entre essa nova forma de brincar o carnaval e os entrudos5. A disputa dos quarteirões para receber os desfiles passou a se fortalecer, criando até uma espécie de hierarquia espacial do carnaval, com destaque para o eixo da Rua do Ouvidor. Até os anos 30, a festa era inteiramente organizada pelos próprios foliões. Foi somente nessa década que o poder público passou a intervir no planejamento do evento.

Atualmente, o carnaval acontece em todo o país, sendo que cada região acrescenta seu toque cultural à festa7

Brincando o carnaval

Rio de Janeiro - realiza a maior festa de carnaval do país. Durante dois dias, 12 escolas de samba desfilam pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí, com seus carros alegóricos e passistas fantasiados. Já no carnaval de rua, mais de 400 blocos espalham-se pelos diversos bairros da cidade – Suvaco de Cristo no Jardim Botânico, Cordão do Bola Preta no Centro, Simpatia é quase amor em Ipanema, para citar alguns dos mais conhecidos.

São Paulo - assim como no RJ, a cidade de São Paulo também realiza seu desfile de escolas de samba. A festa acontece no Sambódromo do Anhembi, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na sexta-feira, um dia antes da data do Carnaval, e no sábado. Em todo Estado, festas de rua e de salão também tomam conta das cidades, sendo a de São Luiz do Paraitinga uma das mais conhecidas.

Salvador - Bahia - na capital baiana, a festa costuma durar mais do que quatro dias. A brincadeira pode acontecer nos blocos de rua, nos clubes, nos camarotes organizados pelos artistas. Mas é atrás do trio elétrico, comandados por grandes artistas e bandas da região, que a festa atinge seu ponto máximo.

Recife/Olinda – Pernambuco - o famoso Galo da Madrugada, criado em 1978 é considerado o maior bloco de carnaval do mundo. Arrastando mais de um milhão de pessoas pelas ruas de Recife, o Galo leva festa e frevo para toda a cidade. Já em Olinda, o carnaval animado pelos bonecos gigantes acontece pelas ladeiras da cidade histórica.

Referências

  1. DAMATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis – Para uma sociologia do dilema brasileiro. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 1997. Pgs 53; 68; 59, 81; 61.

  2. SOILET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia – algumas abordagens. Pgs. 2, 3, 4. Disponível em http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg7-8.pdf, visto em 26/03/2015.

  3. Consultar http://www.brasil.gov.br/cultura/2015/02/fatos-curiosos-marcam-a-historia-do-carnaval, visto em 26/03/2015.

  4. DUMAS, Véronique. Carnaval – Milênios de Folia. Disponível em http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/carnaval_-_milenios_de_folia.html, visto em 26/03/2015.

  5. FERREIRA, Felipe. Aos foliões, a liberdade das ruas. Disponível em http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/aos_foliees_a_liberdade_das_ruas.html, visto em 27/03/2015.

  6. Brésil – Bibliotheque du Voyageur. Guides Gallimard. Pg 72.

  7. Consultar http://www.embratur.gov.br/piembratur/opencms/salaImprensa/artigos/arquivos/Venha_conhecer_e_se_divertir_no_maior_Carnaval_do_mundo.html, visto em 27/03/2015.